quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Origens da Seca no Interior do Piauí: Uma Introdução


Os problemas gerados pela seca são datados de meados do século XVIII, os quais se mostraram desafios bem grandes ao governo imperial, o qual procurou meios para ajudar a população que sofria com a seca com assistência alimentícia, médica e com trabalho, inaugurando o que é conhecido hoje como Política de Emergência. Desta forma, nota-se que as características que levaram o Piauí a se enquadrar no chamado Polígono das Secas trazem características de séculos anteriores.

De acordo com a delimitação do semiárido brasileiro, o Piauí possui 127 municípios que estão na região do semiárido, representando algo em torno de 60% da superfície do estado. Porém, mesmo com os problemas gerados pela seca, o Piauí teve um acréscimo no seu PIB, saindo da 22ª posição para a 21ª no ranking, superando o estado de Sergipe. Mas ainda assim, o Piauí tem uma das regiões mais pobres do nordeste.

É importante ressaltar que o conceito da seca está diretamente ligado ao ponto de vista do observador. Mesmo o problema principal da seca sendo a irregularidade das precipitações, existe uma sequência de causas e efeitos onde o efeito da seca se torna a causa de outro efeito, fazendo um efeito-cascata, implicando no efeito conhecido como seca.

Por conta disso, o autor Manoel Domingos Neto, em sua obra Seca Saeculorum, afirma que o problema da seca não vem do céu. "A sociedade, tal como está organizada, é que não permite aos agricultores nordestinos tirar proveito.".

Ainda segundo Manoel Domingos Neto, o crescimento populacional está diretamente ligado ao crescimento da economia. O que pode ser observado pelo fato de o aumento das regiões de seca se dar em regiões com maior crescimento econômico e demográfico.

Durante séculos, a base da sociedade piauiense se deu por uma sociedade pecuarista, a qual tinha como base alimentícia a pecuária e necessitava de pouca mão-de-obra, o que implicava em grandes fazendas e poucos funcionários. No final do século XIX, houve uma transição da base da economia de pecuarista para uma economia extrativista. Assim, o extrativismo, ao contrário do pecuarismo demanda uma maior mão-de-obra, fazendo com que houvesse um aumento na população do Piauí e, consequentemente, houvesse maior demanda de água.

Considerando ainda com os outros estados que caracterizam a região do semiárido, foram construídos poucos açudes e poços no Piauí. Cogita-se que isto tenha ocorrido pelo fato do Piauí possuir uma boa quantidade de águas subterrâneas e de rios perenes em relação ao resto da Região.


- Referências

[1] de Lima, M. G., Salviano, A. A. C., Santana, F. F., Feitosa, S. M. R.,
Secas de 2010 a 2016 no Piauí: impactos e respostas do Estado em
articulação com os programas nacionais

[2] ARAÚJO, M.M.B. O poder e a seca de (1877-1879) no Piauí. Teresina:
Academia Piauiense de Letras, 1991. p. 34. 2 Ibid., p. 36.

[3] BASTOS, P. Impactos da seca e análise de custos para o Nordeste do
Brasil. In: DE NYS, E.; ENGLE, N.L.; MAGALHÃES, A.R. In:______. Secas no
Brasil: política e gestão proativas. Brasília: Centro de Gestão e Estudos
Estratégicos – CGEE, Banco Mundial, 2016, p. 167-189.

[4] BRASIL. Ministério da Integração Nacional/Secretaria de Políticas de
Desenvolvimento Regional. Nova delimitação do Semiárido Brasileiro.
Brasília: 2005.

[5] CAMPOS, J.N.B.; STUDART, T.M.C. Secas no Nordeste do Brasil: origens,
causas e soluções. Universidade Federal do Ceará. 2001. 10 p. Disponível
em: <http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/9326/1/2001_
eve_jnbcampos_secas.pdf>. Acesso em: 22 de out. 2019.

[6] DOMINGOS NETO, M. Seca seculorum: flagelo e mito na economia rural
piauiense. 2. ed. Teresina: Fundação CEPRO, 1987, p.27.

[7] EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional
de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de Solos.
Brasília: Embrapa Produção de Informação; EMBRAPA Solos, Rio de Janeiro,
1999. 412 p.

[8] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Avaliação do
PIB do BRASIL e dos Estados 2013 e 2014. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/ economia/contasregionais/2014/>.
Acesso em: 22 mai. 2017.

[9] ______. Levantamento sistemático da produção agrícola do IBGE.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/
pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=15>.

[10] LUZ, B.S. Combate à seca em Picos nos anos 80: políticas públicas e os
relatos de quem participou das frentes de emergência. 2013. 61 f. : il.
Monografia (Licenciatura Plena em História) – Universidade Federal
do Piauí. Picos-PI, 2013.

[11] PIAUÍ, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Programa de ação estadual de combate à desertificação, PAE-PI, Teresina:
Ministério do Meio Ambiente/Secretaria Estadual do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos, 2010. 229 p.

[12] ______. ______. Plano estadual de recursos hídricos – PERH-PI.
Diagnóstico e prognóstico das disponibilidades hídricas das bacias
hidrográficas - RTP-6. Diagnóstico referencial consolidado sobre os
Recursos Hídricos no Estado do Piauí. SEMAR. Teresina, 2010, 333 p.
Disponível em: <http://www.semar.
pi.gov.br/download/201605/SM06_578985b1e1.pdf>.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Os Desafios Enfrentados Pelos Órgãos Públicos em Relação à Seca no Nordeste


Um problema já muito conhecido é a seca que aflige as cidades do sertão nordestino. Este é um problema que vem afligindo a região desde meados do século XIX, segundo a Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, órgão responsável pelos estudos voltados à agropecuária no Brasil.

Entretanto, a seca nordestina atingiu um patamar tão intenso que passou a ser alvo de estudo do governo brasileiro. Sendo assim, os problemas que se relacionam à falta d'água no nordeste causam impactos no restante do país, uma vez que os órgãos públicos federais e estaduais tomaram parte no que tange a necessidade de amenizar - ou até mesmo resolver - os problemas da seca.

É conhecido também os métodos de combate à seca a partir da perfuração de poços artesianos em pontos estratégicos em cidades do sertão nordestino. Contudo, esta é uma solução pontual, uma vez que poços artesianos nem sempre conseguem suprir a demanda de água de uma determinada região.

Desta maneira, nota-se que os órgãos públicos responsáveis por amenizar esses problemas apresentaram soluções ineficientes no âmbito regional, fazendo com que seja necessário o aporte do setor privado e de iniciativas individuais daqueles que entendam de fato o nível de urgência em que se encontra a situação do sertão nordestino que padece com a falta d'água.

Com isso, pode-se afirmar que as autoridades possuem um problema maior do que as soluções disponibilizadas por elas mesmas, fazendo com que seja necessário uma abertura àqueles que desejam propor e implementar novas soluções utilizando novas tecnologias para que problemas tão antigos possam ser solucionados de maneira a proporcionar uma melhor qualidade de vida para a população que sofre com essas situações.

No caso, é proposto estudos baseados na utilização do conceito de cidades inteligentes (Smart Cities) que possam proporcionar um melhor monitoramento e uma forma mais eficiente de gerenciar os recursos disponíveis fazendo com que esses recursos possam ser devidamente distribuídos nas regiões afetadas por esses problemas.

Referências

[1] Portal Embrapa, https://www.embrapa.br/